Essa estrofe da música Casa no Campo, composição de José Rodrigues Trindade e Luiz Carvalho e eternizada na voz de Elis Regina, é de 1972, mas poderia muito bem resumir a essência do Cottagecore. Um movimento estético em alta, que recupera alguns valores do bucolismo e exalta a vida campestre, agora com uma roupagem ainda mais romântica. Pequenos animais, jardinagem, chás aconchegantes, roupas vintage, comida caseira e muitas flores do campo. Os adeptos do cottagecore idolatram a vida simples em harmonia com a natureza e o movimento ganhou fôlego durante a pandemia, quando a utopia bucólica se tornou um escape para a ansiedade do confinamento. 

Cottage = cabana/chalé + Core = núcleo/essência

A estética cottagecore

Em oposição às tendências minimalistas que dominaram o universo do design, moda e decoração nos últimos anos, a estética  promete exaltar mais cores, texturas e rusticidade. Abraçando o tema de harmonia com a natureza, os tons terrosos e as estampas florais ganham destaque, assim como os tecidos, tramas e elementos naturais. Na decoração, a iluminação indireta ajuda a compor o ambiente, ainda mais se for à luz de velas! Um bom exemplo dessa estética é a série “Anne With an E”, que se passa no início do século XX. 

Um estilo de vida

 

Muito mais do que um tipo de moda ou décor, o cottagecore é um estilo de vida que valoriza a rotina desacelerada e analógica. Nessa vida campestre, o bom e velho “Faça você mesmo”, ou DIY, toma conta, incentivando com que os adeptos desenvolvam suas habilidades manuais. Você certamente conhece alguém que, durante o último ano, se arriscou na confeitaria ou na panificação caseira e até mesmo aprendeu a costurar algumas peças de tricô, não é mesmo? Isso também tem tudo a ver com os “cottagecoters”, que buscam a autossuficiência em tudo o que for possível. Outros valores importantes para esse movimento são o consumo consciente e a nostalgia por tempos mais simples.

 

Escape de calmaria

Não é coincidência que, em todo o mundo, as buscas sobre o assunto aumentaram vertiginosamente desde fevereiro de 2020 — e atingiram seu maior pico em novembro do mesmo ano. A pandemia do coronavírus não só levou todos para dentro de casa, mas também intensificou problemas como depressão, ansiedade e burnout. Por isso, era esperado que, quando pequenos apartamentos  passaram a ser todo o universo social, e o trabalho pareceu durar 24h, o sonho com uma vida analógica, longe de milhares de notificações e intermináveis reuniões de vídeo, ganhasse cada vez mais força.  Foi assim que, mesmo sem poder largar tudo para trás e fugir para o mato, muita gente passou a incluir pequenas doses de cottagecore no seu dia a dia. Afinal, seja com finais de semana desplugados, aventuras com pães caseiros ou incluindo mais e mais flores na decoração, é possível trazer um pouquinho desse escape bucólico para perto da gente.